terça-feira, 22 de novembro de 2005

Poemas da Julia...

O TEATRO DO TEMPO


Ouço o tic-tac do relógio e ele enchendo o ar
Ressonando como uma triste canção
E o que é ele, senão a nossa própria orquestra?
Sobretudo ele não está inscrito no cartaz.

Presencio auroras e crepúsculos inexistentes
Todos eles me remetem à você.
Enquanto isso o tempo passa
E me arrasta em seu arrastar
Rumo à próxima cena de que não irei participar.

Me canso de assistir ao urdimento
Em nosso palco vazio e silencioso
Mostra-se criatura frígida e indiferente
Tecendo com seu tempo um abismo oco em mim.

É só o silêncio que precede a salva de palmas?
É o cérebro processando a aprovação?
Ou a expectativa que se esqueceu de encher o ar?
Quando é a minha hora de atuar?
Não vejo lugar ou papel que me caiba,
A menos que o tenha guardado para o final.
Ou será isso só mais um monólogo?

Eu posso brincar de Jack e Sally com você
Se desejar
Serei a sua boneca de trapos
Vivendo em um mundo sombrio (cheio desse tempo)
E nós não precisaremos de natais ou Halloweens

E se o tempo for só um Arlequim inconseqüente
Vindo lentamente destinado a te levar de mim
Talvez você prefira um final mais trágico
Então eu poderei me enforcar em suas tranças se você
[quiser.

Eu me distraio, perdendo o ritmo da contra-regragem
Volto-me à nossa commedia dell'arte
Ainda sem saber qual o meu papel
A princípio é só o palco vazio
Mas lá está você, em meio aos confetes
E a senhora inconstância dando-me tempo
Pra perguntar-me: É só parte do seu ato
Ou um ensaio pra fazer de mim só mais um Pierrot?





Só uma observação: tou de fotolog agora. Quem quizer dar uma olhada: www.fotolog.net/jujuba_vermelha_

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