sábado, 2 de agosto de 2008

E vou escrever esta história pra provar que sou sublime.

Como diria Dr. Manhattan, o dia amanhece iluminado pela luz que chega a nós com oito minutos de idade enquanto a luz de duas horas atrás alcança Plutão.
A casualidade dos números aleatórios me fez nascida deste e não do outro lado do mundo. Assim, a luz chega à mim antes ou depois de qualquer outra pessoa.
Os vícios culturais que me fizeram herdar o nome de minha bisavó são os mesmos que me lançam olhares assustados e me pre-julgam dotada de qualquer tipo inepto de inteligência pelo simples fato de ter escolhido uma profissão que por tradição dá o título de doutor em dez anos e mesmo assim não é reconhecida no país.
A verdade absoluta por trás das coisas que repousam e dormem é o que sustenta a idéia da “bela adormecida”.
Dormir, sonhar quem sabe. Viver só depois. Mesmo porque existe sempre uma vida inteira a ser vivida e nada de mais interessante a fazer.
Tudo é belo enquanto inalcançável. Eis a única coisa fantástica sob o impossível. Nada menos, nada mais. À ele o drama.
À alguns a aptidão ao convívio social. Aos demais o tempo necessário para descobrir a devida inaptidão.
Pessoas são só rituais.
Como ir ao cinema sozinho pela primeira vez na vida. Ou como olhar a si mesmo de fora, de forma nua e crua e descobrir que há mais por fora do que você via de dentro. Ou as duas coisas de uma só vez.
E tudo isso é estrangeiro, como tudo.
Como um recém-nascido abrindo os olhos para o mundo. Como alguém a encarar aqueles olhos e ponderar se já existe uma consciência por trás deles. Se não, quando existirá?
Última madrugada de férias. 54 dias até a prova. Fazê-la ou não fazê-la, eis a questão.
Último respiro antes de um mergulho.
É boa a hora. Boa para parar de querer mudar as pessoas. Boa à prática da tolerância.
Início de semestre. Hora de fazer apostas, jogar os dados e arrumar o armário.
Já que escrevo, o jeito é escrever.