terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O que é você?
Vontade reunida em pessoa. Desejos saudáveis. Planos bem estruturados. Vontade de ganhar o mundo. Tudo isso a lutar contra a ordem natural das coisas; onde a ordem natural das coisas é só aquele velho tabu a que todos estão acostumados. Afinal, considerando a pátria que lhe foi designada ao nascer e o tipo de cultura que a ela está associado, a vida de ninguém dá certo aos dezenove anos de idade a menos que seja jogador de futebol ou atriz de novela. Por que a sua daria?
Tudo o que se procura é um ponto de partida. Não um sinal divino, nada dessas bobagens. Apenas um marco zero. Aquele vibrar dos axônios onde você diz: “agora vai”. Se me conhece minimamente irá achar todas essas palavras injustas. Como diria minha mãe “O universo conspira a seu favor e joga tudo na sua cara”. Essa é sua nova frase predileta, já que não adianta mesmo tentar convencer uma filha cabeça dura, que não crê em Deus, de que tudo aquilo é um milagre. Sejamos realistas, não é.
Adianta ter a faca e o queijo na mão e hesitar em corta-lo por pura descrença na vida? Parece justo, para alguém que passou a vida inteira ouvindo a frase “você só será alguém na vida se estudar”, ter o seu momento de indagação. Mesmo quando a vida inteira seja ilustrada por um mísero número primo menor que vinte. “Será?”
É essa a hora de parar de tentar organizar os armários de forma eficiente? Não existe organização eficiente nem praquilo, nem pra coisa nenhuma. Existe a eficiência. As pessoas que sabem que ela existe, e as que não sabem.
É esse o ponto de partida? Aceitar que não riram de você durante a infância atoa? Por que sua testa era maior que o normal; por que você gostava de estudar e mesmo assim sua letra era feia; por que você preferia ficar na frente do computador a se arrumar e correr atrás dos garotos mais velhos; por que seu sobrenome era esquisito?! Afinal, onde estão todas aquelas pessoas?


é.

Talvez tenha chegado a hora de embargar o estilo literário em vigência. Aquele, das palavras soltas. Palavras certas, muitas vezes, porém soltas. E começar a construir um próprio.
Talvez a originalidade seja mesmo algo que se desenvolve.