Nascemos e, antes mesmo de fazê-lo, damos a alguém a chance de escolher um nome. Recebemos aquele nome. (Porque não um número?) E, então, já no nos primeiros mm³ de oxigênio que inalamos, somos impregnados pelo vício mantido por gerações e gerações de nossos antepassados. É a poluição, o excesso de CO2, a fumaça do cigarro, do carro, da indústria, da bomba atômica e o fedor do lixão.
Somos levados para casa. Recebemos um berço, uma primeira roupa, um primeiro sapatinho e um primeiro sorriso maternal. Com o tempo nos desenvolveremos, aprenderemos a falar, a ler, escrever. Aprendemos sobre o que é certo e o que é errado.
Menininho na porta indica que o banheiro é masculino e menininha de saia indica o feminino. Deve-se escrever, sempre, da esquerda para a direita. Devemos temer ao Deus Pai, Espírito e Santo acima de qualquer coisa. Meninas crescerão e serão mães. Se quiserem ter uma profissão, que sejam psicólogas, professoras, médicas, advogadas.
Meninos sejam bons pais e competentes engenheiros, políticos, soldados. Devemos pagar nossos impostos, estudar, crescer, constituir família, respeitar a lei do que é certo e o que é errado, nos assentar todos os domingos no sofá e assistir a algum programa nostálgico. Mas, antes disso, encarem quinze anos na escola e o fato de que é só mais um na multidão.
Sobretudo devemos aceitar que Deus criou a natureza e cabe a ele e somente a ele entender os mistérios dela. Devemos nos conformar com nossa falta de sorte. Aceitar que os opostos se atraem, catástrofes acontecem e ninguém é dono de seu próprio destino.
Porque isso? Oras, sempre foi assim. É como uma rotina, ou a cadeia natural dos fatos. São os seres humanos desenvolvendo a sensação ilusória de exercer poder sobre o caos.
O professor de matemática avançada sempre afirma que só uma contra-regra pode provar que não há uma regra. Talvez por isso sejamos criados para seguir a regra e não dar espaço a contra-regras. Criados? Por quem? Não importam os meios, importam os fins. Criados para ser pessoas normais. Nascidos para formar massa e conformar com o que quer que seja, afinal de contas, desgraça pouca é bobagem.
Bombeiros metralhados? Escolas ameaçadas de fechamento? A principal avenida da maior cidade do país vazia em plena luz do dia? Mais de oitenta mortes em um único fim de semana de dia das mães? Repito: desgraça pouca é bobagem.
Entramos em pânico. Assistimos à violência, cada vez mais próxima, sabendo que tudo seria evitado se não existissem jogos políticos, anos de eleição, copa do mundo e nacionalismo populista.
O bater de asas de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo.
Se analisada pela ótica do senso comum, essa frase pode parecer catastrófica. Vale lembrar que o senso comum nada mais é que aquilo feito para que as pessoas aceitem sem contestar.
Hoje assisti a um filme sobre física quântica que apresentava essa mesma Teoria do Caos incompreendida de uma forma muito mais útil.
Você pode ter um pensamento positivo e descarta-lo ao se entregar ao pessimismo com o qual somos ensinados a viver. Da mesma forma, você pode entender que, aquele a quem personificam e chamam de Deus não é só o criador, mas também a criação; e que se nós somos a criação, somos também deuses em criação. E depende de nós, e somente de nós, desenvolver o poder de mudar o mundo.
Um pensamento positivo pode ser só mais um com destino ao cemitério dos pensamentos sufocados pelo determinismo. Mas, um pensamento positivo, pode ser o bater de asas da borboleta. A coisa que, a princípio é tão pequena que a seu primeiro impulso é descartar logo e evitar o ridículo, mas que se levada adiante pode ser tornar uma idéia. E uma idéia pode ser a boa idéia precisa para mudar o mundo.
O nome do filme é ¿Quem somos nós?¿. É exibido no Belas Artes.
Você pode assisti-lo como se assistisse a mais um documentário. Mas você pode assisti-lo, absorvê-lo e se perguntar:
Até que ponto do buraco você quer ir?
águas salgadas
-
Labirinto
Lá no mar
Grito
Mais
Grito
Amar
Sinto,
Mas
Ressinto.
Amar
as águas salgadas
no fundo
Amar
não é
Mais
tão fundo.
Sinto
Muito.
Eu
Devoro a e...
Há um mês