quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

Eu sou só mais uma menininha excêntrica no mundo e você?
Eu nunca pintei o cabelo e não tenho tatuagens, mas eu queria um piercing no queixo.
Eu já participei de manifestações de esquerda no meio da Afonso Pena. Já me declarei anarquista. Já quis votar aos catorze anos e tentar mudar o mundo. Sobretudo, quando pude tirar o título de eleitor eu declarei que odeio política. Eu nunca votei.
Eu não vou me alistar no exército, mas pretendo fazer uma tatuagem assim que fizer 18 anos e passar no vestibular.
E=mC² um dia vai estar gravado em minha pele.
Eu amo ler, principalmente livros estranhos. Eu adoro o modernismo, o machadismo, o dadaísmo. Nada é mais mágico que o fluxo de consciência e o feminismo! Vivo dualistamente como uma forma de exercer algum tipo de realismo. Adoro a anti-arte, o protesto mudo. As revoluções me atraem.
As letras são como a razão da minha vida.
Mas os números... eu sei que eles explicam a razão do universo.
As letras me embalam em um romantismo profundo... Os números me injetam razão e me prendem ao juízo doentio.
Eu tomo muito café e perco o sono. Reclamo das olheiras, mas eu não deixaria de tomar café por elas.
É uma manifestação comodista. Mas esse tipo de manifestação é ubíquo.
Eu sempre achei que era o tipo de pessoa que nunca perigaria tomar bombas. Sobretudo eu quase o consegui, tendo uma desistência forçada quase na linha de chegada. E na hora H, eu respirei livros e passei direto.
Não. Eu não sou exatamente uma mocinha metida a sabe-tudo. Arrogância ambulante. Cheiradora de pó de livro.
Eu me chamaria de Nerd se isso agora não me parecesse um clichê. Apesar de tudo, correndo o risco de parecer presunçosa, eu possuo inteligência.
Eu só ainda não encontrei alguém que me desafiasse. Ou algo que me jogasse contra a parede e dissesse: mostre do que é capaz. Talvez eu passe o resto da vida esperando isso.
Eu passei toda a minha pré-adolescencia brigando com minha irmã mais velha por ela ser contra pessoas que usam all star. Sobretudo, eu continuo usando all star.
E eu não gosto de praia. Eu não gosto de sol. Mas eu amo o vento vindo do mar.
Eu odeio animais, mas tenho um peixe de estimação. O nome dele é peixe. E eu vejo nele o meu pecado de sempre tentar dar o nome óbvio às coisas. Amizade, amizade. Saudade, saudade. Esperança, esperança. Indiferença, indiferença. Amor, amor.
Eu sou como a criança assentada no parapeito da janela de seu quarto a noite toda, esperando que apareça uma sininho que a permita voar em busca da terra do nunca.
Eu sou uma garota que crê nas possibilidades a quem um cara disse que daqui um tempo perceberá que seus braços tem um tamanho limitado, e que a certas coisas não alcançará.
E que você pode sempre tentar se aproximar mais antes de esticar os braços. Mas a cera das asas derrete quando se chega próximo demais ao sol.
Mas eu sei, sem saber que era impossível alguém foi lá e fez.
Então eu sou só alguém que pede que nunca lhe digam que algo é impossível. Porque quando realmente se quer algo, o mundo se moverá em favor. E por mais que os braços possam ter um tamanho limitado: quem foi que disse que eu não possa transformar a pele e os ossos em plástico e borracha?
A engenharia Química está aí. O futuro nos chega sorrateiro à soleira da porta. E nada é o que parece.
Se as rosas tem espinhos...
E a terra é redonda e azul...
Se o universo tem fim...
Se os átomos são divisíveis...
Se a física moderna tem mesmo razão...
Não se deve, então, subjugar um livro pela capa.
E se não houver tempo para avaliar, deve-se então se entregar ao desconhecido sem medo de o abismo ter fim.
Porque se for pra avaliar pela forma:
Eu sou só mais uma menininha excêntrica no mundo.

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