terça-feira, 3 de janeiro de 2006

Eu me pergunto porque as pessoas continuam festejando a chegada de um ano novo mesmo sabendo que ele só será mais um ano.
Eu me pergunto, mas não encontro respostas. Eu sou só uma pessoa que não acha respostas pra nada.
Talvez o motivo seja o mesmo pelo qual a todas as manhãs caminhamos à janela pra ver o sol recém nascido. Nós sabemos que ele nasceu, pois ele sempre insiste em nascer. Sobretudo nós vamos lá, abrimos a cortina e conferimos que tudo continua no lugar.
E parece irônico pensar que mesmo que tudo não esteja no lugar, ele continua nascendo.
E eu não deveria supor nada. Eu não deveria buscar "talvezes" para justificar as coisas. Eu não deveria, mas talvez possa me comparar ao sol. Talvez tudo esteja fora do lugar e como tudo é nada, eu não deveria renascer. Mas eu sou uma ironia. E eu continuo aqui.
Me pergunto também o porque desse vício de fazer promessas de ano novo. Só vejo isso como uma forma de tornar tudo mais difícil. Uma forma de prolongar a esperança moribunda. Porque não fazemos promessas de Dia Novo? Porque não comemoramos a chegada de cada dia? Pois o ¿dia após dia¿ sim é um motivo de comemorações. É ele quem nos leva vida em frente, mesmo quando não temos mais forças para isso. É ele que nos guia eternamente e nunca irá nos abandonar. E é só ele a quem julgo capaz de me compreender, já que ele e eu partilhamos desse Dualismo tão eminente. E da mesma forma como ele pode ser o remédio para todas as dores e o veneno que provocará as mesmas, eu sou só alguém absurdamente estranho e ao mesmo tempo tão normal.


Constatei hoje -
não sem certo prazer - que
Como todos os "a-normais",
sou diferente
Incômoda,
indispensável.


[No Espelho, Maria Maroca]

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