quinta-feira, 14 de julho de 2005

Nada como uma manhã como essa para refletir como a vida é. E não me refiro ao clichê da manhãs chuvosas me refiro exclusivamente à esta, de hoje: O céu muito azul, nenhuma nuvem, o sol fraco e um frio de matar.
Já disse que adoro dias frios? Eles me dão a desculpa da baixa temperatura para não sair de casa... eles me fazem pensar.
O que é prioridade? O que eu sinto? Quem consegue me fazer sentir?
Admito que a última pergunta me faz tomar decisões bruscas, à vezes.
Amor... Carinho... Lascívia... Saudade!
Sinto falta de tomar um ônibus todas as manhãs e no fim de cada tarde. De atravessar a cidade observando aquele mundaréu de pessoas. O que estão pensando? O que estão sentindo? Porque sorriem? Porque não?
Recentemente comecei a me perguntar o que eu realmente quero para o reto da minha vida. Quem eu realmente quero para o resto da minha vida. E pensar sobre isso me levou à um exercício de teatro que fizemos, ainda no cefet, há quase um ano atrás.
Deveríamos, de olhos fechados, deixar a imaginação fluir, a começar por onde estávamos.
Porque lembrar disso agora? Porque no meu exercício era uma manhã clara e fria como esta, e eu me encontrava observando-a com uma xícara de café nas mãos, como agora.
Lembro-me ainda do aspecto do lugar. Erauma casa no alto de uma montanha. Uma casa aconchegante onde, não sei como, eu sabia que estava lá para escrever. Havia um cheiro do café que eu acabara de fazer no ar e, na cama desarrumada, alguém dormia.
Deveríamos então pensar sobre o que sentíamos naquele momento. Eu me sentia feliz por acordar cedo e poder presenciar, sozinha, o dia nascer.
Agora deveríamos sair de onde estávamos (se é que estávamos em algum lugar) e seguir até a margem do rio.
Que rio? Eu estava no alto de uma montanha! Então cheguei à beira do abismo e o vi lá em baixo. Desci. Não foi difícil. Havia uma espécie de escada para tal ofício.
Deveríamos então atravessar o rio. Outro trabalho fácil. O rio era raso, apesar de muito frio.
¿E o que há do outro lado?¿
Nada. Uma imensidão de terra gramada. Nem de cima do abismo podia-se enxergar o fim.
¿O que você sente agora que atravessou o rio?¿
Senti que não havia muito propósito naquilo e que eu deveria voltar. Alguém logo vai acordar e, além do mais, eu devo escrever.
Ao término do exercício, cada um deveria narrar o que ocorrera. Alguns garotos se viram em uma praia com um mulherão do lado, e ao ter que atravessar o rio encontravam somente a imensidão do mar. Houve alguém que sequer encontrou o rio... Alguns nem deram conta do exercício.
Na época não gastei mais do que a volta pra casa, de ônibus, pensando a respeito. Mas hoje, me lembrando daquele exercício do teatro eu me pergunto: Seria aquilo como o resto da minha vida? E quem era a pessoa que dormia? Seria a mesma pessoa que fui conhecer 2 meses depois?
O futuro é matéria tão incerta e como posso eu ficar pensando sobre ele? Como posso eu prever como serão os anos se nem prever pude que um domingo de festas abalaria minhas certezas com tamanha força?
E eu que nunca quis ter certezas agora me depara com uma porção delas, quebradas.
E a quem me vê pensando sobre como será o amanhã e sentir-se propenso a me interpelar sobre o que, a propósito, eu pretendo... o que eu realmente quero para o amanhã, eu digo: Eu ó quero perder o fôlego ao ver A pessoa pela primeira vez... de novo... Só quero conseguir não conter mais meus impulsos da próxima vez e não deixa-la ir embora em ouvi aquilo tudo que eu tinha pra dizer...

Perde-se a batalha mas ganha-se a guerra?

Vem comigo?
[Vi essa imagem num flog e achei apropiada]

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei" (Clarice Lispector)

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