quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Sem tempo pra escrever... continuam os textos que não são meus.

...mas nós, intelectuais, pois eu também o considero um, temos o dever de permanecer lúcidos até o fim. Já há coisas supérfluas demais no mundo, mais desordem é inútil.
[...]

Alegre-se, não há o que fazer, e ele teve o que merecia por ter entrado tão levianamente numa aventura tão pouco séria.
Não sinta saudade nem remorso. Destruir é melhor do que criar, quando não se cria o essencial.
Será que há algo tão claro e justo no mundo que mereça viver?
[...]
É melhor derrubar tudo e espalhar sal em cima, como se fazia para purificar os campos de batalha.
No fundo, só precisamos de um pouco de higiene, de limpeza, de desinfetante!
Estamos sufocados por palavras, por imagens, por sons que não têm razão de ser, que saem do nada e se dirigem para o nada!
A um artista que realmente seja digno de tal nome só se devia pedir a lealdade de educar-se para o silêncio.
Lembra do elogio de Mallarmé à página em branco? E de Rimbaud? [...]
Se não se pode ter o todo o nada é a verdadeira perfeição.
Me perdoe tantas citações, mas nós, críticos, fazemos o que podemos.A nossa verdadeira missão é varrer os milhares de abortos que todo dia tentam obscenamente vir ao mundo. E o senhor pretendia deixar atrás de si todo um filme como um aleijado deixa no chão a sua pegada disforme?
Que presunção monstruosa achar que seria útil a alguém o esquálido catálogo de seus erros! E de que adiantaria unir os farrapos da sua vida, suas vagas lembranças, os rostos daqueles que nunca soube amar?
¿O que é esta faísca de felicidade que me faz tremer, me dá forças? Desculpem, doces criaturas, eu não tinha entendido, não sabia como é justo aceitar, amar vocês, e como é simples! Luísa, sinto-me libertado. Tudo me parece bom, tudo tem um sentido, tudo é real! Como eu gostaria de saber explicar, mas não sei dizer.
Pronto, tudo está de novo como era antes, tudo está confuso. Mas esta confusão sou eu. Eu como eu sou, e não com eu queria ser, e não tenho medo de dizer a verdade, aquilo que não sei, que procuro e não achei. Só assim vivo, e posso olhar teus olhos fiéis sem sentir vergonha. A vida é uma festa, vamos vivê-la juntos. Só direi isso, Luísa, a você e aos outros. Aceite-me, se puder. Só assim poderemos tentar nos encontrar...¿

[Cena final de Fellini 8 1/2]

2 comentários:

Anônimo disse...

desculpe a ignorância, mas qual o nome do filme?

Julia Roquette disse...

Otto e Mezzo, Felini