As cigarras não parecem dispostas a se cansarem nesta primavera. Nem assim vejo formigas trabalhando. Minha planta carnívora passa fome. Meu tímpano entra em pânico. Talvez o mundo acabe amanhã. A lua é cheia. Uma cigarra recém saída de seu repouso de dezenove anos atravessa a rua. Se na imensidão do universo vazio viajasse um som, seria este. Assobio de único tom. Sinto falta de algum vício. A melancolia me enjoa. Sinto ânsia de vômito diversas vezes ao dia e nem assim ela vai embora.
Caminha pela avenida central. Referencial é o maior problema da humanidade. Desta forma, a avenida pode possuir palmeiras, paralelepípedos e menos de meio quilômetro de extensão e mesmo assim é considerada principal. Caminha pela avenida central sob o som incessável das cigarras. Música capaz de ampliar qualquer tpm. Alcança a porta principal. Vira a esquina. Olha o ponto onde num dia que não é hoje e nem foi ontem dezenas de pessoa a olharam ou olharão. Segue seu caminho. O som das cigarras cessa. Não há mais árvores, não há mais cigarras. Ao invés disso o barulho infernal de uma das principais avenidas da cidade às dez horas da manhã. No boteco da esquina meia dúzia de pessoas já bebem. Motivo para comemorar? Mágoas a lamentar? Sinto falta de algum vício.
Corre. Ri. Faz piadas. Dorme. Acorda. Come. Chora. Espera demais das pessoas. Menospreza. Tenta dançar. Tenta importar. Tenta buscar. Mas não encontra nada que apeteça. Nem mesmo um café ou um rock legal.
Inércia.
águas salgadas
-
Labirinto
Lá no mar
Grito
Mais
Grito
Amar
Sinto,
Mas
Ressinto.
Amar
as águas salgadas
no fundo
Amar
não é
Mais
tão fundo.
Sinto
Muito.
Eu
Devoro a e...
Há um mês
Um comentário:
..e eu sinto saudade.
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