" Ai, Viramundo de minha vida, que vira Minas pelo avesso, sem revelar aos meus olhos o seu mais impenetrável mistério! Ai, Minas de minha alma, alma do meu orgulho, orgulho de minha loucura, acendei uma luz no meu espírito, iluminai os desvãos de meu entendimento e mostrai-me onde se esconde esse vagabundo maravilhoso, esse meu irmão desvairado que no fundo vem a ser a melhor razão existir. Foi ele, esse iluminado de olhos cintilantes e cabelos desgrenhados, que um dia saltou dentro de mim e gritou basta! Num momento em que meu ser civilizado, bem penteado, bem vestido e ponderado dizia sim a uma injustiça. Foi ele quem amou a mulher e a colocou num pedestal e lhe ofereceu uma flor. Foi ele quem sofreu quando jovem a emoção de um desencanto, e chorou quando menino a perda de um brinquedo, debatendo-se na camisa-de-força com que tolhiam o seu protesto. Este ser engasgado, contido, subjugado pela ordem iníqua dos racionais é o verdadeiro fulcro da minha verdadeira natureza, o cerne da minha condição de homem, herói e pobre-diabo, pária, negro, judeu índio, santo, poeta, mendigo e débio-mental. Viramundo! Que um dia há de rebelar-se dentro de mim, enfim liberto, poderoso na sua fragilidade, terrível na pureza de sua loucura."
[Fernando Sabino, O Grande Mentecapto]
Arrumei um novo motivo pra escrever um livro. Quero imitar o Sabino e expulsar uma personagem do meu livro. Sim, sim! Eu quero ser Deus. huunf!
E não é uma simples imitação. É uma manifestação artística mais fantástica do que pessoas de vermelho no 5102.
Vê? O vermelho continua, muda só o meio. Sem ônibos mas através de uma Olivetti. Oh! Romantismo furado!
pagamento
-
Eu preciso
escrever um poema,
um pagamento.
Mas
não tem problema.
Eu, às vezes,
vendo minha dor,
da minha veia de ator,
pois só me resta essa cena.
Mas ser...
Há 19 horas
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