quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Pequeno ensaio sobre O Que Seria de Nós Sem as Coisas Que Não Existem

A única coisa que realmente existe é a existência.

Existimos antes de nascer, como quimera.

Existimos ao nascer, como matéria e sonho realizado.

Existimos na infância, como jóia rara e quebrável.

Existimos durante a vida, como ilustração da alomorfia.

Existimos ao perecer, como matéria morta e lembrança.

Existimos pela eternidade, como idéia.

Existimos como os restos de um chapéu que não deu certo.

Existimos até que caiamos no desuso e encontremos o esquecimento.

A princípio existe uma porção de perguntas.

O que é a existência?! O que é uma coisa?! O que é o nada?! O que somos nós?!

A existência de um dicionário da língua portuguesa torna o significado de coisa o início mais provável na busca de respostas.

Você sabe o que é coisa?

Coisa é aquilo que existe ou pode existir; um objeto inanimado; uma realidade ou um fato; um negócio ou um interesse; um empreendimento ou uma empresa; um acontecimento ou uma ocorrência; um caso, um assunto ou uma matéria; uma causa ou um motivo; um mistério ou um enigma; os órgãos sexuais sejam de animais ou plantas; um troço, uma doença, uma indisposição ou um mal estar; um baseado, uma porção de droga ou o próprio diabo; uma sensação; as posses de uma pessoa; um sentimento ou uma idéia. Coisa pode ser qualquer coisa.

Ressona tão complexo que seria digno existir a Ciência da Existência, onde a principal constante seria a relatividade. Uma ciência tão pessoal e singular quanto os pensamentos mais âmagos das pessoas. Apenas uma característica coincidiria a todos: a taxonomia maquiavelista separando as coisas que existem das coisas que não existem.

As coisas que existem são todas aquelas que passaram através do filtro do racionalismo. São tocáveis, compreensíveis, avaliáveis e de forma alguma são frutos da imaginação. São explicáveis através de números e teoremas e definidas por enciclopédias e dicionários.

As coisas que não existem se dividem entre o desconhecido, a fantasia e os paradigmas.

O desconhecido existe como o impulso à vida dos curiosos. Em certo instante da existência, o desconhecido torna-se a razão do ser, o combustível da sabedoria.

A fantasia existe como a mais chistosa forma de felicidade. A doce irrealidade a reger a vida dos sonhadores.

Os paradigmas existem para limitar e alienar a existência. Como protótipo dele, existe a utópica busca pela perfeição inexistente. Provém da crença no empirismo pautado e do massacre da liberdade do ser.

Na Ciência da Existência a única teoria comprovada seria a ausência de um limite claro e cabível entre os pólos. Assim, não existindo princípio ou fim entre o que existe e o que não existe, propor-se-ia uma nova questão intitulada O Que Seria de Nós Sem As Coisas Que Não Existem.

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